SÃO JORGE População da ponta do Topo esteve várias horas às escuras nos últimos dias.
Têm sido vários e prolongados os cortes de eletricidade na ponta do Topo em São Jorge. A EDA diz que a zona tem sido afetada por ventos fortes.
As freguesias do Topo e de Santo Antão, na ilha de São Jorge, têm sido afetadas, nos últimos tempos, por vários cortes de energia elétrica, alguns prolongados por várias horas, que têm provocado constrangimentos à população e sobretudo ao comércio e à indústria. A EDA alega que os cortes se devem ao vento forte que se tem vindo a sentir, mas diz ter previstos investimentos na requalificação das redes de eletricidade naquela zona.
A noite de 26 para 27 de dezembro foi passada completamente às escuras. Segundo o presidente do conselho de administração da EDA, Duarte Ponte, o corte verificou-se às 2h24, mas as condições meteorológicas só permitiram a reparação por volta das 6h00.
“Nessa situação, embora a gente saiba o sítio que terá sido afetado, não podemos colocar ninguém a subir postes, porque temos de deixar passar o pior da tempestade para as pessoas poderem fazer a reparação. Não é possível fazer isso na altura de máxima intensidade do vento por uma questão de segurança”, adiantou, em declarações a DI, alegando que a reparação obriga os funcionários da EDA a subirem a postes com 110 metros de altura.
Segundo o presidente da Junta de Freguesia do Topo, Lisandro Bettencourt, esta não foi, no entanto, uma situação única. “Tem sido um bocadinho de mais”, frisou, alegando que se têm registado cortes “de alguns meses a esta parte”.
“Há dois ou três dias que as falhas vêm sendo sucessivas. É verdade que ontem [quinta-feira] fez um bocado de vento, mas há situações em que o vento não é tanto quanto isso e continua a haver falhas de eletricidade”, acrescentou.
As falhas de eletricidade colocam “bastantes constrangimentos” à população que vive naquela ponta da ilha de São Jorge, sobretudo a quem tem negócios. É que para além de ficarem sem eletricidade, os habitantes de Santo Antão e Topo ficam também sem comunicações.
“O problema é que as baterias das antenas de telemóveis não têm essa autonomia toda, ficamos sem comunicações. Isto afeta o comércio e afeta a indústria”, apontou Lisandro Bettencourt.
À Junta de Freguesia do Topo e à população ainda não chegou qualquer justificação sobre estes cortes, mas o autarca disse já ter solicitado a intervenção da Eletricidade dos Açores na resolução do problema.
“Nós já pedimos à EDA, não formalmente, para quando houver alertas de vento ou se houver algum problema, ter um grupo gerador de prevenção no Topo, porque as linhas têm de atravessar uma serra e realmente torna-se complicado. Eles dizem que estão a fazer diligências para isso. De qualquer forma, a minha intenção como presidente de junta é tentar marcar reunião com administrador da EDA em São Jorge para ver se a gente arranja alguma solução para este tipo de imprevistos”, adiantou.
Ventos fortes
Contactado por DI, o presidente do conselho de administração da EDA, Duarte Ponte, disse que a situação é de difícil resolução, devido às condições geográficas da ilha.
“É sempre difícil porque São Jorge tem fajãs e tem um planalto de elevada altitude. Estas linhas que passam no meio da ilha estão sujeitas a elevados ventos”, avançou.
Na Serra do Topo, por onde passam as linhas de eletricidade e onde a EDA tem também um parque eólico, têm sido registadas rajadas “muito elevadas” nos últimos tempos, segundo Duarte Ponte.
“Tivemos no início o furacão Lorenzo que atingiu valores elevadíssimos de 220km por hora, depois tivemos a depressão Elsa que passou com ventos de 170km e agora recentemente esta depressão atingiu ventos de 180km”, afirmou.
A EDA tem planeados investimentos naquela zona da ilha de São Jorge. Até “meados de 2020” a empresa estima que esteja concluída uma nova rede que vai até ao parque eólico. Está prevista ainda uma “segunda linha que estará pronta até 2023/2024”.
Uma fonte ligada à EDA em São Jorge disse a DI que as novas linhas existentes na Serra do Topo são “muito bambas” e que sempre que o vento sopra com maior intensidade de oeste ou de sul existem falhas de eletricidade. Uma das soluções, segundo essa fonte, passará pela reposição das linhas. A outra passará pela aquisição de um gerador.
Diário Insular – 28.12.2019
