“O Queijo de S. Jorge é único no mundo. Totalmente artesanal, segue uma tradição com vários séculos para conseguir um caráter salino e picante, com muito temperamento, que quanto mais envelhece mais mostra a sua garra”.
A descrição é da Revista de Vinhos, que, na 25ª edição dos prémios promovidos pela publicação, atribuiu o galardão de “Produtor Artesanal do Ano” à Uniqueijo.
Os Prémios da Revista de Vinhos aconteceram online, quinta-feira, distinguindo o trabalho desenvolvido no vinho e na gastronomia de Portugal, ao longo do ano e em diferentes categorias.
Como especifica a redação da revista, são 230 os produtores de leite em São Jorge que integram a UNIQUEIJO – União de Cooperativas Agrícolas da Ilha de São Jorge, “uma entidade aglomeradora de produção que funciona como força gregária das várias cooperativas”.
“É o agrupamento gestor da DOP, cujo portefólio é composto ainda pelos queijos ´Ilhas´ produzidos pelas suas cooperativas associadas (Beira, Topo e Lourais), dedicando-se exclusivamente à armazenagem, cura e embalamento”, adianta.
A publicação destaca a evolução do Queijo de São Jorge na forma como chega aos consumidores. “Produto DOP, evolui em complexidade através do fator tempo, podendo chegar a três, quatro, sete, 12, 24, 36, e agora, 30 meses, nesta última edição comemorativa do aniversário da Confraria do Queijo de S. Jorge, um caso único a nível nacional”.
Um queijo único nasce de condições de produção especiais, que começam no verde das pastagens. “O resultado é um leite de superior qualidade. O trevo amarelo ou a língua de ovelha são apenas algumas das ervas dos pastos. Sendo a ilha de origem vulcânica e de solos com pH ácido, a grande fertilidade é bloqueada pela acidez, pelo que as ervas plantadas servem de correção alcalina e captam ainda o azoto atmosférico. Um leite assim, com boa fonte de gordura, sabor e proteína é meio-caminho andado para um bom queijo. Sabendo que cada queijo de 10/11 quilos integra 120 litros de leite podemos aquilatar como é importante a matéria-prima. Fazendo as contas, um quilo de queijo tem 11 litros de leite…”, explica a revista.
“Este é, assim, um produto com quase 600 anos de evolução, mantendo as caraterísticas específicas que o clima e a vegetação das pastagens da ilha determinam, a par do saber artesanal no modo de fazer”, descreve a publicação.
Afirmação no país e no exterior
“Esta distinção é o reflexo das apostas que temos vindo a desenvolver no negócio e na valorização do queijo produzido em São Jorge. A qualidade do leite e do queijo tem aumentado significativamente e a dedicação e resiliência dos nossos colaboradores e associados têm sido fundamentais para o crescimento económico da nossa ilha e do arquipélago dos Açores”, afirmou já António Aguiar, presidente da Uniqueijo.
José Carlos Serrão, diretor geral da LactAçores considera o prémio muito importante. “A Revista de Vinhos é conceituada a nível nacional. Tem os melhores produtos nacionais a nível de vinhos e, depois, de queijos, o que resulta na harmonização perfeita”, disse ao DI.
“Não havia melhor maneira de começarmos o ano”, resumiu.
A aposta na comunicação do queijo de São Jorge DOP será cada vez maior. “Queremos torná-lo na referência, através de várias comunicações, juntar-nos a vários chefes de renome, o que dará a conhecer o Queijo de São Jorge a todos os amantes de queijo”, referiu.
Se o Queijo de São Jorge já se afirmou no mercado nacional, também no mercado externo existirá uma “aposta forte”.
Numa entrevista concedida, em janeiro, ao DI, António Aguiar afirmou que o Queijo de São Jorge continua num percurso de valorização.
“A valorização do queijo tem vindo a crescer de uma forma contínua e sustentável. De 2016 a 2021 o preço médio de venda do queijo à LactAçores aumentou quase um euro por kg., o equivalente a um crescimento de 19%. Entendemos que o queijo São Jorge DOP deve ser ainda mais valorizado e, por isso, vamos continuar a trabalhar nesse sentido”, disse.
A produção de queijo continua a impulsionar a economia jorgense. “O negócio do queijo produzido em São Jorge continua no bom caminho. A qualidade do leite e do queijo produzido tem aumentado significativamente, os colaboradores e associados das cooperativas têm tido um comportamento inexcedível e resiliente em momentos difíceis como aquele em que vivemos (nunca paramos de produzir com a pandemia) e os ganhos de eficiência industrial do processo de fatiar e embalar o queijo têm sido notáveis. Da conjugação destes fatores, resulta que temos vindo a trazer cada vez mais riqueza para a Ilha de São Jorge e para os produtores de leite. O volume de negócios e os resultados das cooperativas têm crescido sistematicamente nos últimos anos”, garantiu o presidente da Uniqueijo.
O queijo de São Jorge deve continuar a chegar às prateleiras das superfícies comerciais com diferentes curas e vários formatos. “A Uniqueijo está preparada para continuar a colocar no mercado queijos de longa cura (12, 24, 30 e 36 meses) e, no enquadramento de edições especiais, queijos de maior valor acrescentado com as curas acima referidas e em novos formatos e formas de apresentação/comercialização. Queremos, também, continuar, tal como no período 2018 – 2021, a comercializar queijo em formatos mais pequenos (60 a 200 gramas), como os rolos, rolinhos e meias fatias. Em curso, estão a ser estudados e experimentados novos formatos”, explicou.
Independentemente da forma, será sempre, como descreveu a Revista de Vinhos, um queijo “único no mundo“, com um sabor que levou séculos a apurar.
DI.
