No ano que passou, a pandemia ainda nos deixou comemorar as amizades nas quatro quintas-feiras antes do Carnaval.
Bela tradição açoriana, que de tão bonita e com conteúdo, nunca se deve perder. E o Carnaval penso que também.
Época de folguedos tamanhos por todas as ilhas, principalmente na Terceira, onde, para além de tudo, nos traz cultura, com as suas “danças e bailinhos”.
Outros vão-se contentando a comer umas filhós ou malassadas.
Neste ano, “o bicho” não nos deixa fazer estas festas.
Não podemos cometer os abusos da época natalícia!
Vamos ver se para o ano conseguimos fazer tudo “direitinho”.
É que já cansa!… Tanto tempo!… Estamos fartos! Não vale cometer abusos “fintando” as autoridades, porque, em primeiro lugar, está a saúde e, até, a vida! Cuidado!
Estão em causa os abusadores e os cumpridores! Louvo a criatividade de muitas entidades, que, cumprindo o que está estabelecido, não quiseram deixar o Carnaval, sem mais.
Claro que os prejuízos económicos são enormes nas terras, tradicionalmente carnavalescas. Ouvi falar em prejuízos de 60 milhões, em Veneza… Por cá, não serão milhões, mas uns bons milhares.
Vem aí a Quaresma. Não há pandemia que a impeça. Estes quarenta dias de jejuns e abstinências (não de carne) de coisas que fazem mal aos outros e a nós (poderão estar incluídos alguns alimentos).
Que tal, nesta Quaresma, abster-nos da fofoca e do mexerico? E ler e praticar a carta do Papa Francisco sobre o ambiente e a nossa casa comum, que tanto maltratamos!
O nosso mundo ficaria melhor! Cada um verá do que se deve abster para a nossa vida e a dos outros ficar melhor.
E não é preciso ser cristão para o fazer! Aposto que há pessoas que o fazem sem precisar de períodos especiais! Canceladas as manifestações exteriores (a maioria não faz grande falta!), mas os romeiros (esses fazem falta), tradição micaelense de que alguns e algumas se tentam apropriar, parecendo professar o aforisma “coisinhas de Nosso Senhor, quantas mais melhor”, originados em cataclismos da natureza, de que somos pródigos, na sua genuinidade, fazem penitência e, calcorreando caminhos e canadas e visitando igrejas, nos apelam à penitência.
Apesar de não ser a única maneira de a fazer, é uma tradição com conteúdo e que importa preservar. Dada a adesão de gente nova, parece-me que é tradição para se manter. Apelam, também, à misericórdia. E nós que nunca mais ligámos às obras, aprendidas na catequese! Caso contrário, a sociedade estaria bem melhor!
Assim, caminhamos até à Páscoa, que não queremos passar outra vez em casa.
No que tenho escrito sobre a pandemia, tenho procurado não ser tétrico. Que é um “bicho levado da breca” que muitos, a contar com os abusos que vemos por aí, não levam a sério, é.
O Governo Regional tem tomado atitudes e imposto normas. E quem as fiscaliza? A PSP já tinha falta de agentes antes da pandemia… Não será “um beco sem saída”?
