Todos acreditaram, desde o primeiro momento, que a “Autonomia” concretizaria o tão ambicionado desenvolvimento harmónico e progressivo das nossas Ilhas. E para as mais penalizadas pelas carências da evolução, a esperança de se assistir a um crescimento económico e social, era fascinante!
Sentido pelas populações, o projecto criara uma relação amistosa entre o poder político e os açorianos. Por ser um projecto comum!
O “Terreiro do Paço” (lisboeta) esfumara-se, e dera lugar ao renascer de uma nova era baseada na uniformidade! E como “evolução” é sinónimo de progresso e de crescimento, e como progresso e crescimento proporcionam uma alteração para melhor, todos se sentiam responsáveis e optimistas.
E logo surgiram os primeiros resultados nos vários espaços insulares: portos, aeroportos, centros de saúde, escolas secundárias, jardins infantis, ginásios, quartéis de Bombeiros, além de estradas melhoradas, museus, e mil e uma coisas mais, tudo agradavelmente “certinho”, integrado na dinâmica da igualdade que abraçara e unira a Região através dessa Autonomia.
Não havia ilhas maiores nem menores, apenas um Arquipélago com as suas naturais especificidades!
Entretanto, uma nova realidade surgiria de “braço dado” com o tempo.
E a anterior evolução sob a uniformidade, começou a reduzir-se, a apagar-se, e o desequilíbrio económico a instalar-se.
A percepção de que um novo “Terreiro do Paço” (agora regional) estava a surgir, era “notavelmente” visível, apesar de ser negado pela falácia política e pelas “habituais” elites, rotulando as críticas de pessoas de bem, como fruto do “bairrismo”, da ignorância, ou então da falta de dinâmica.
Perante a contestação de alguns espaços insulares, assistia-se de mãos atadas à transferência do pouco que algumas ilhas detinham, mas que as personalizava, criando localmente movimento, vida, e postos de trabalho, situando as famílias nos seus sítios de residência, e criando economia.
Tudo, afinal, por terem concentrado num espaço único, o que tanto desejavam, quer de Angra, quer da Horta, quer de algumas ilhas.
E foi esse “centralismo” que se transformou numa fatalidade para a Região.
Porquê?! Por afectar os princípios e verdadeiros objectivos da tão ambicionada Autonomia, comprometendo o futuro da mesma.
Logo, sem terem a quem reclamar ou quem as ouvisse seriamente, as nossas ilhas menores foram-se acomodando através do silêncio.
E assim, a definição de Arquipélago, e dos objectivos dessa Autonomia foram-se degradando, devagar, devagarinho, não fosse o diabo tecê-las, centralizando-se tudo o que podiam, e “o que não deviam”, num só lugar.
E cada vez mais essa centralização foi aumentando friamente, isolando-se da partilha, como se fosse algo natural e de direito.
E cada vez mais, a impotência das ilhas foi-se acomodando, apesar de saber quanto é difícil esconder o indevido, perante gente séria e que sabe quem lhes penalizou o futuro.
Talvez um dia, na história da Autonomia, se faça justiça sobre essa verdade.
Nessa sequência, aparecerão registo de algo que colocou metade da população de um Arquipélago sob o jugo de quem só a si se valorizou, esquecendo que todos os açorianos juntos é que formam uma Região, e que todos juntos é que a enriquecem.
E por mais que se diga ou se afirme, a verdade é simples: quem se habitua a não partilhar, morrerá sem o fazer! É a lição que nos é transmitida pela experiência da vida e pelo exemplo de muitos! Mas é de lamentar!
É que só seremos, de facto, reconhecidos e “moralmente grandes”, quando o dever para com os outros é satisfeito.
