A proposta do Grupo Parlamentar do CDS-PP Açores que recomenda ao Governo Regional “o início urgente” da “empreitada de eletrificação da Fajã da Caldeira de Santo Cristo, na ilha de São Jorge, dando cumprimento às promessas de investimento público que se têm vindo a perpetuar no tempo e concretizando uma antiga aspiração e necessidade da população que habita ou procura aquele lugar único nos Açores”, foi aprovada por unanimidade.
O Projeto de Resolução apresentado pela Deputada Catarina Cabeceiras surge na sequência da aprovação de uma outra proposta democrata-cristã, em março passado, no âmbito do Plano e Orçamento para 2017, onde foram acauteladas as verbas necessárias ao arranque da obra.
Na apresentação da iniciativa, a parlamentar eleita pela ilha de São Jorge afirmou que “é urgente uma avaliação, uma intervenção e uma estratégia concertada, integrada e eficaz para aquele local de grande singularidade”, lembrando que “há muitos anos que se prometem investimentos públicos para a Fajã de Santo Cristo, nomeadamente ao nível da sua eletrificação, recorrendo-se à utilização de fontes de energia renováveis e alternativas”, porém, “até ao momento, nunca se procedeu à eletrificação da Fajã o que obriga à manutenção, praticamente, em cada habitação de um gerador individual, promotor da proliferação de ruídos e consumos de combustível que em nada abona a favor da qualidade ambiental daquele local”.
Ora, frisou Catarina Cabeceiras, “o que se pretende não é descaraterizar aquele lugar único, é sim, que as habitações tenham acesso à luz elétrica de uma forma sustentável e integrada”, mantendo-se o espírito de que “uma noite na Caldeira é, e terá de continuar a ser, caracterizada pelos passeios de lanterna, naquela escuridão intimista e relaxante”.
A Deputada do CDS acrescentou ainda que “os sucessivos Governos Regionais do PS têm vindo a assumir, já desde há longo tempo, o compromisso político de proceder aos investimentos necessários conducentes à eletrificação da Fajã”, acentuando que, “tal compromisso foi também assumido pelo anterior Diretor Regional da Energia, Dr. Rosa Nunes, quando apontou, primeiro, que a eletrificação da Fajã estaria concluída em agosto de 2015, e, posteriormente, tendo tornado público que, afinal, o prazo estabelecido para seu cumprimento seria até ao final do ano de 2016”.
Aliás, advertiu, “existe o entendimento de que tal investimento deve ser concretizado com o recurso a energias renováveis, nomeadamente à utilização de recursos hídricos (aproveitando-se o fluxo de uma ribeira que termina o seu curso na Fajã), salvaguardando-se, desta forma, o ambiente e indo de encontro às diversas classificações de cariz ambiental já referenciadas”, só que, agora, parece ter havido um retrocesso neste entendimento, uma vez que, “se percebeu, pelas declarações da Srª. Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo, que existem várias hipóteses em cima da mesa e que a intenção do Governo agora é debater tais hipóteses com os intervenientes locais”.
Catarina Cabeceiras foi ao ponto de citar declarações do Presidente do Município da Calheta, eleito numa lista de independentes, quando afirmou recentemente que “já foram feitos estudos suficientes”, concluindo depois que “o CDS, concorda” e, por isso, “é hora de dar finalmente o próximo passo e eletrificar aquela fajã”.
O Governo, perante esta iniciativa, disse que estão em São Jorge técnicos de várias entidades públicas a trabalhar já neste processo, o que levou a bancada popular a advertir para o facto de “os Jorgenses não merecerem mais histórias sem finais felizes”.
Outros problemas
do ex-libris das Fajãs
Aproveitando a oportunidade, Catarina Cabeceiras lembrou, também, que foi por proposta do CDS-PP que foi recomendado ao Governo a criação e implementação do Plano Integrado de Desenvolvimento das Fajãs de São Jorge, e que a sua aplicação prática é fundamental, enumerando um conjunto de outros problemas porque passa a Fajã de Santo Cristo atualmente.
“A Ilha de S. Jorge tem mais de sete dezenas de fajãs que constituem um património natural, paisagístico e cultural único no contexto da Região. Este património confere um enorme potencial de projeção no exterior e, se bem potencializado, é, garantidamente, gerador de riqueza. O ex-libris das fajãs, por ser reconhecidamente um dos locais mais belos e carismáticos dos Açores, é a Fajã da Caldeira de Santo Cristo, que foi uma das primeiras Áreas Protegidas a serem constituídas na Região, sendo, titular de várias classificações, como Reserva da Biosfera da UNESCO, Zona RAMSAR e Rede Natura 2000”, disse.
Perante isto, prosseguiu, “atendendo à importância da preservação deste património é, irremediavelmente, necessário implementar uma estratégia global com objetivos e linhas de ação concertadas, preservando o ambiente, a cultura e as tradições da Fajã da Caldeira de Santo Cristo e garantindo, assim e de modo sustentável, a qualidade de vida neste local”, defendendo que “o desenvolvimento da Caldeira só pode ser alcançado no âmbito de um Plano Integrado de Desenvolvimento das Fajãs, pois, este património não pode servir apenas como cartão de visita da Região e da Ilha de São Jorge ou apenas como galardão ambiental”.
Catarina Cabeceiras diz que “é preciso desenvolver uma estratégia integrada para aquele local que vá desde a preservação da lagoa e das suas únicas e ímpares ameijoas, pois a verdade é que a máquina que realiza os trabalhos de manutenção na zona do passo/alpeirão está inoperacional, degradada e obsoleta, sendo, neste momento, uma sucata enferrujada que os turistas podem apreciar quando visitam a gruta daquela fajã… Aliás, importa também tomar medidas de preservação da singularidade da Fajã de Santo Cristo, mantendo-a como destino único e paradisíaco, facto que, atualmente, começa a ser quase impossível, porque já não é o barulho do mar que nos embala… é o ruido dos passeios das motas, cada vez mais incomodativo”.
Assim, a Deputada popular jorgense diz que importa ponderar se “não deviam estar as motos restringidas apenas para o transporte de pessoas e materiais”, se “dado ao aumento de turistas que visitam e pernoitam naquela fajã, já se identificou qual o esforço ambiental que se verifica naquele local”, “qual o impacte ambiental a que está sujeito aquele ecossistema, quer terrestre, marinho ou lagunar” e “qual a capacidade de carga da Fajã?”.
GPCDS-PP / Mark Marques | Info-Fajãs
22.06.2017
