Parece que andamos num campeonato de infetados. As redes, sempre elas, e a comunicação social pública contam casos todos os dias, como se não houvesse amanhã e estivéssemos à beira do juízo final.
Ninguém conta as gripes comuns, as mortes por cancro, enfarte, ou lentidão do serviço regional de saúde.
Dois anos depois do início da pandemia – na espuma destes dias uma notícia não dura mais de vinte e quatro horas – há debates sobre o vírus nas televisões e tontos confrontos políticos.
A senhora doutora dá poucas consultas por ano? O que é que isso interessa se os jornais estão cheias de notícias sobre casas abertas, vacinas e visitas do senhor secretário?
Mãe, não toques no balcão; mãe afasta-te das pessoas, diz a jovem loira no restaurante à velhinha desorientada. A senhora não sabe onde se enfiar e não é para menos. Constrói-se um medo coletivo, um delírio que só pode vir de quem se conforma com uma vidinha sem história e sem amanhã.
Na sua pequenez, a Região Açores ultrapassou os dez mil infetados, um caso grave de descontrolo e, dirá a oposição, – aquela que nos queria deixar sem aviões para que o vírus cá não chegasse – de incompetência do governo, ao que este propagandeará uma torrente de números, testes e doses de vacina.
Já a China, que tem mais de 1 bilião de almas, – não sei se os comunistas têm alma – regista apenas 2361 infetados!
Parece que uma ditadura é o remédio ideal para a histeria coletiva. E se alguém refilar, resolve-se no campo de reeducação e argumenta-se que o ocidente é que não percebe a idiossincrasia do império.
Claro que também há povos democráticos sensatos: os dinamarqueses decretaram o fim da pandemia. Mas esses são nórdicos e brutos!
Continuem os escandinavos a beber destilado de batata que eu vou mandar vir mais medronho do Pico!
